Friday, January 05, 2007

Di-vagar De-vergar

Desde bem pequeno eu tinha a impressão de ter um parafuso a menos, ou alguns...
Acho que no fim das contas, é por que a ilusão de Maya nunca me convenceu, e as contradições do mundo embora disfarçadas, sempre me foram evidentes, e me reservaram muita angustia e sofrimento.

Essa modalidade de sofrimento existencial me aproximou dos ensinamentos, e de uma visão mais abrangente do que é de fato ser um ser humano. Me fez compreender o que é de fato religião, o que de fato é essa possibilidade de conectar com o misterio, com o vazio, com o inominavel divino. Me levou a conhecer o caminho do buda, o caminho da compaixão, da meditação, da humildade e sabedoria. Me levou ao Ayahuasca, e sua dolorosa e reveladora caminhada pela mente ampla. Me soltou de amarras e me mostrou outras.

Embora sofrer seja uma merda, o sofrimento é a mola que impulsiona a nos livrarmos da ignorancia. Esperança e medo moram na nossa identidade pessoal, construida ao longo de muitos anos, ao absorvermos as caracteristicas das pessoas que convivemos, que carmicamente estão posicionadas junto a nós, nesse carma coletivo que é a terra, a vida humana, a cultura, etc.


Portanto, mais do que observar a nossa razão, devemos estar plenamente atentos ao coração. Nele repousa o mais profundo dom humano: o amor puro, por todos. Esse amor é a mensagem mais profunda do todo para nós. Se mo coração aperta, devemos olhar, entender...meditar, deixar o silencio nos ensinar, através do sentimento. Se uma pessoa nos incomoda, nos deprime, nos irrita, nos torna invejosos, raivosos, ou nos desperta desejo, repulsa, ou nos faz sentirmos bem e poderosos, é por que nos reflete caracteristicas, e nos conecta com energias que todos temos. As relações nos revelam para nós mesmos. Todos são nossos professores nessa jornada, por isso, a humildade é uma grande sabedoria. O mendigo, o milionario, o genio e o ignorante. Professores e aprendizes nossos.

A doença, a velhice, a morte...professores, testes. Não há nascimento desprovido desses.

Contemplar a verdade de que não estavamos aqui, como somos hoje, durante 99,9999999999999999999999% da idade do universo, e que não estaremos presentes nos mesmos 99,9999999999999999999999999% posteriores. E mais: contemplar que surgimos de um utero, que nos compomos devorando experiencias, modelos humanos. Que derivamos de uma matriz genética humana, em que bilhôes de celulas vivas e inteiras se organizam e formam um corpo de complexidade eternamente maior do que a nossa compreensão, e que desse corpo brota uma consciência individual, uma sensação separada do todo.
Isso é maravilhoso!

Maravilhoso saber que para existir um exterior é preciso um interior, uma mente. Um eu para refletir o mundo, e compartilha-lo, transforma-lo.
Que para julgar que tudo provém do cerebro, é preciso uma mente, sentidos, uma consciência, tecnologia e inteligência para fatiá-lo, observa-lo e julgar aquela gosma rosa tão poderosa!

Maravilhoso mistério. Maravilhoso reconhecer a sabedoria nos mestres. Receber tantas dádivas, mesmo não julgando ser merecedor. Maravilhoso receber tanta dor, mesmo julgando não ser merecedor também. Maravilhoso o desabrochar da flor do lotus. Maravilhoso criar essa tenue confiança, de que sim, há um caminho de sabedoria, há uma complexidade maior, que a jornada rumo ao todo, ao vazio, a divindade, é longa...mas que estamos caminhado, sob o olhar dos seres iluminados e mais evoluidos.

Que a luz dos budas nos ilumine
Que o mantra da sabedoria da mente ilumininada, a grande sabedoria, ecoe em todas as mentes que sofrem e as libertem:

Om Gate Gate Paragate Parasamgate Bodhi Svaha

1 Comments:

At 05 January, 2007 11:57, Anonymous Anonymous said...

Gentileza gera gentileza...espirito nobre gera nobreza! Esse é o meu GURI...Parabens Dr...estarei lá e vc sabe que estarei.

 

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