Monday, September 11, 2006

Devaneios Alceurescos

PUNHAL DE PRATA

Alceu Valença

Eu sempre andei descalço
No encalço dessa menina
E a sola dos meus passos
Tem a pele muito fina
Eu sempre olhei os olhos
Bem no fundo
Nas retinas
E a menina dos olhos
Me mata
Me alucina

Eu sempre andei sozinho
A mão esquerda vazia
A mão direita fechada
Sem medo
Por garantia
De encontrar quem me ama
Na hora que me odeia
Com esse punhal de prata
Brilhando na lua cheia

Mas eu não quero viver cruzando os braços
Nem ser cristo na tela do cinema
Nem ser pasto de feras numa arena
Nesse circo eu prefiro ser palhaço

Eu só quero uma cama pro cansaço
Não me causa temor o pesadelo
Tenho mapas e rotas e novelos
Para sair de profundos labirintos
Sou de ferro, de aço de granito
Grito aflito na rua do sossego

Mas na verdade é mentira
Eu sou o resto
Sou a sobra num copo
Sou migalhas na mesa
Sou desprezo
Eu não quero estar longe
Nem estou perto

Eu só quero dormir de olho aberto
Minha casa é um cofre sem segredo
O meu quarto é sem porta, tenho medo
Quando falo desdigo, calo e minto
Sou de ferro, aço e de granito
Grito aflito na rua do sossego

E o que prende demais minha atenção
É um touro raivoso na arena
Uma pulga do jeito que é, pequena
Dominará a força de um leão

Na brigada ele muda a posição
Pra coçar se depressa
Com certeza não se serve da unha e da presa
Se levanta da cama e fica em pé
Tudo isso provando como é poderosa e suprema a natureza


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Ele é demais!
;]

1 Comments:

At 12 September, 2006 12:58, Blogger setemaria said...

essa eu nao conheço. ;*

 

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