!Tchau Radar!
Faz tempo que não escrevo aqui...dá uma saudade voltemeia
Tenho escrito num caderno, coisas mais reflexivas, mais a ver com a minha propria direção, com a minha mente depois da prática budista, toda noite. Anoto também uns sonhos, os sentimentos.
Enfim, posso dizer aqui, para os meus fiéis oito milhões de leitores, que estou numa pacifica jornada rumo ao futuro. Com mais deslizes do que com dias corretos e organizados, é bem verdade, mas digamos que eu não viva apenas de deslizes nesse momento.
Meus sonhos andam nas rédeas curtas, e meus desejos me despertam mais graça do que preocupação. Aguardo feito urso o inicio da primavera, aquela metade das estações que me interessa. Arranjei um concurso pra me ater, esportes pra me mexer, tambores para bater. Tenho uma almofada para sentar e a mente para meditar em companhia dos budas e dos meus botões.
Voce pode dizer: falta romance.
Falta.
Faltando romance, falta um pouco de poesia também.
No dias de hoje, se faz mais gol de falta e de escanteio do que da arte do drible.
hehehee
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Buenas, estava escutando um engenheiros véio hj...enquanto cochilava em plena manhã fria, pois sim, acordei cedo. Não me empolga tanto quanto nos meus 17 anos, mas ainda me abro pra capacidade do Alemão Gessinger (que deve ser o sujeito mais chato do mundo) para criar refrões maravilhosamente enigmaticos.
"Me diz por que será que a gente cruza o rio atrás de água e finge que não está nem ai?"
"Meu coração visionário tá legal. Ele dispensa comentarios...ele nem pensa na real"
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Ler os ensinamentos dos lamas me faz sentir um tremendo mesquinho, mau carater, perdido, desorientado, criador de todas as minhas prisões e ilusões.
E é verdade
hehehee
Bom, ao menos a gente sabendo o endereço, já sabe pra onde mandar as reclamações. Nesse caso o procon não ajuda não. To lendo umas coisas de um mestre que é de tirar o chapeu. Se chama Patrul Rinpoche. Viveu sei lá, uns 200 anos atrás, e ele era no Tibet o que o Tom Zé era na MPB, se é que voces me entendem.
Vou colar um conto sobre ele:
"Cachorro Velho" Dza Patrul Rinpoche era conhecido por sua maneira direta de falar e por seu desprezo pela pompa e hipocrisia. Patrul Rinpoche foi o principal discípulo de Jigmé Gyalway Nyugu, o sucessor de Jigmé Lingpa.
Patrul também estudou e praticou sob a direção pessoal do louco iogue iluminado Doe Khyentse Yeshé Dorje. Sob a orientação destes mestres, Patrul se tornou herdeiro de todos os ensinamentos orais profundos da escola Dzogchen Nyingthig (Quintessência da Grande Perfeição).
DOE KHYENTSE RINPOCHE VIVIA NAS matas, carregando um rifle de caçador, que ele supostamente utilizava para iluminar os outros. Foi um mestre mercurial, a quem Jamyang Khyentse Wangpo, o primeiro grande Khyentse, reconheceu como seu igual. Quando Doe Khyentse morreu, o clarividente primeiro Khyentse sentiu o que havia ocorrido longe dali. Com reverência, ele disse: "Agora aquele velho vagabundo dissolveu-se em mim".
Patrul Rinpoche já havia sido apresentado à natureza da mente búdica inata por Gyalway Nyugu quando, um dia, Doe Khyentse perseguiu-o com certas afirmações provocativas sobre como as coisas realmente são. Primeiro, Doe Khyentse zombou de Patrul: "Ô, seu heroizinho do Darma, por que manténs essa distância respeitosa? Se é que tens alguma coragem, vem aqui!".
Quando Patrul aproximou-se, Doe Khyentse agilmente agarrou-o por seu cabelo longo trançado e jogou-o no chão, chutando terra em cima dele. Sentindo cheiro de cerveja no hálito do lama, Patrul concluiu que o mestre estava bêbado e perdoou o tratamento recebido.
Doe Khyentse leu seus pensamentos e ralhou bem alto com ele:
"Esses intelectuais!", ele berrou. "Como podem pensamentos mundanos como estes entrarem nessa sua cabecinha? Tudo é puro e perfeito, cachorro velho!" Dando uma banana a Patrul - no estilo tibetano, usando o dedo mindinho - cuspiu nele e cambaleou, retirando-se desgostoso.
Instantaneamente, tudo ficou claro como cristal para Patrul. Ele experimentou a absoluta inseparatividade entre nossa própria mente e a mente não dual do Buda, a infinita luminosidade do estado desperto atemporal. Enquanto isso, o sol lá em cima brilhava num céu perfeitamente azul.
Experimentando uma paz indizível, Patrul instintivamente sentou para meditar naquele mesmo lugar, precisamente onde seu intempestivo mestre havia desvelado a natureza absoluta da mente.
Mais tarde, Patrul Rinpoche disse: "Graças a peculiar gentileza do Senhor Khyentse, agora meu nome Dzogchen é Cachorro Velho. Sem querer ou precisar de qualquer coisa, eu apenas caminho livremente por aí".
de: http://www.bodisatva.org/patrul/p.php?subaction=showfull&id=1091524730&archive=&start_from=&ucat=42&
E aquele abraço a todos!