Wednesday, December 26, 2007

Retrospectiva

Fim do ano. Finda, novamente a ferida, vira fera, vira rima.
Suburbio, sub-humano, subterraneo, sobe e desce, céu e inferno
Vazio, cheio demais, copos de bebida, goles de chá, ah o chá...
Ilegivel, incompreensivel imovel, letrado fugitivo, arredio em silêncio.
Caos, labirinto, cuidado não entre.

Saí. Ar, Ar...voei voei pra longe, e voei para o azul do mar. Ah o mar.
(forte ansiedade, curta duração)

Dor nas costas e no pescoço, tortura, estou torto, andando sobre linhas retas.

O caldo, a sopa literaria, buenas, dessa vez não vou mexer, vou deixar assim como está, deguste e bebe quem quer.

Terra? Terra...terra respondendo, chamei e voltei a razão, nos braços, amassos, tesão maduro colhido do pé de pitanga, da anja do cerrado que eu chamo de diaba. Hmmmm
Freud e o principio do prazer.
Buda e as causas do sofrimento.
A mandala toca, eu absorvo, abstraio e vejo...não é nada disso. Nada do que eu disse. APAGA!

À pagã, me desvisto das catolices. ca-tolices, tolices. Anestruturado corro riscos no imperdivel vazio abstrato do não-nada. Do sim-tudo, do Sim-toma. Sintoma, tomá no cú.
Sim-ples-mente junta palavras, mente. Isso é mentir. Usar todo um dicionario e não falar nada coerente sobre si.
Coerente, corrente, corre rente do abismo mas não cai. Nasci pra ser louco ou autista e por acaso dobrei a esquina e agora sou o amante mais fiel que a vida queria.

Retrospectiva

Sunday, December 16, 2007

-_-

[...] quanto mais claramente vemos as coisas como são, mais dispostos e capazes nos tornamos de abrir nossos corações a outros seres. Quando reconhecemos que os outros vivenciam dor e infelicidade porque não reconhecem sua verdadeira natureza, somos espontaneamente movidos por um desejo profundo de que eles vivenciem o mesmo senso de paz e clareza que começamos a conhecer.
Yongey Mingyur Rinpoche, em "A Alegria de Viver".
(retirado de www.samsara.blog.br)

Isso resume tudo, é o caminho
E isso é FODA. É foda quando você já sabe essas coisas e não consegue manifestar isso na prática com todo mundo, em todos os lugares.

Posso nessa vida me considerar um afortunado, apenas pelas palavras do Dharma, do ensinamento dos Budas que tive oportunidade de ouvir, que tive direito de empregar no meu dia a dia e me purificar de muita merda que eu carreguei desde esse tempo sem começo.
Sou afortunado por morrer seis vezes na mão do Ayahuasca e nascer de novo, com a nitida noção de que ainda sou um ovo, e ainda não sei nada, só sei que há muito a caminhar
Sou afortunado por ter sido acolhido e amado por uma familia, por ter bons recursos para viver a vida da melhor maneira, e da maneira que eu quiser.
Sou afortunado por ter muitos amigos para trocar bons momentos, e sou afortunado por ter irmãos na vida dispostos a aceitar os maus momentos, os maus pensamentos e os penares, embora eu prefira afundar nos infernos sozinhos do que carregar alguem pra lá comigo.
Sou afortunado pelos grandes mestres que a vida me deu, me ensinando ou estando a disposição pra ensinar que aprenderam da grande mestra, a vida, a vacuidade, a liberdade natural de ser e se refletir nesse universo vasto de possibilidades, seres, emoções e amor.
Sou afortunado pelas amantes que tive, pelas mulheres que me oferecem suas delicias e abriram o corpo para que eu as satisfizesse.
Sou afortunado por ser humano.

Preciso honrar isso mais e mais. Tirar as negatividades, me por a disposição do mundo para canalizar o amor natural. Para que mais e mais gente canalize.
Não há felicidade verdadeira alem disso. Nada que o tempo não corroa. Nada que não se dissolva, nada que não se transforme. Nada, na dança das mutações infinitas.
Que os budas encham de amor o coração de todos.
Que esse amor não se restrinja, que se espalhe o tempo todo.

Monday, December 03, 2007

Fábula

Vindo da planicie da juventude, cruzou o vale das lagrimas, a loucura e o caos.
Vibrou entoxicado pela negatividade, libertou-se, viu a paz, encontrou o caminho, encontrou irmãos valiosos e valentes, afastou se deles e seguiu renovado.
Uma noite de cinco anos se fez, e quando nasceu o dia
Era deserto.
No deserto achou companhia, plantou flores que adubou e regou. A agua das expectativas inundou o sertão, e por um misero tempo lá flutuou em paz um barco, amor.
Porém as ondas dos medos viraram o bote e afastaram os naufragos em seus destinos. Remou contra as ondas e viu que eram fortes e inevitaveis, deixou-se levar. A água virou gelo, e o gelo lascinou seu coração. Ninguem haveria de ter forças para cavocar ali até que o sol viesse com força. As que tentaram sairam refeitas porem sem entender nada em meio a distancia.
Ajudantes iluminados, irmanados desde o tempo sem começo surgiram, martelaram o tambor e trincaram o gelo. O terremoto se fez na terra dos indios, a vinheda dos espiritos ofereceu o suco amargo, pelo qual a tragédia fez se explicita e anunciou que era hora da despedida.
O vale de lagrimas agora fluiu por onde devia, e aí todos os espiritos bons e maus que circundavam aquele terreiro ingena, viram que não havia volta, e que aquele ser estava fadado a vencer sobre todo o mal e os venenos do mundo que o infestavam. E traria a liberdade que lhe foi entregue pelos Budas ao mundo, em forma de sorriso, paz e atividades benéficas.
Nisso, refeito, passou a rir, e rir. Encontrou velhas liberdades embora ainda não tenha realmente encontrado o seu caminho. Agora é verão e o verão veio com a menina-do-demo. Ela veio pra derreter as crostras de gelo que ainda atrapalham o trilhar desse ser que é puro amor e puro desejo. Ela veio tostar, fritar e devorar a carne, e ser musicada, acariciada, lambida, tocada, gozada.

A fábula se estende até os confins do além, no passado que é vivo, no futuro que é vivo. No presente surfar das ondas da vida. Os novos capitulos são apenas velhos capitulos. Os velhos capitulos apenas soam os acordes do amanhã.

E a vida é musica. Vai e vai. Harmonizando para transcender. Buscando a saida para toda a dor do mundo, num sorriso de mulher.