Tuesday, April 25, 2006

Felicidade e realização do self

Quando eu atingir a plenitude da vida, a felicidade intima e intrinseca das almas livres, serei aquele tipico cidadão que bate papo no onibus sobre coisas futeis e desnecessarias, apenas para aquecer os corações entristecidos e absortos nos seus devaneios inflado de historias velhas repetitivas.

Serei aquele que elogiará toda a beleza vista, de um jeito tão puro que não despertará nada aos passantes além de um leve sorriso.

Cantarei enquanto caminho na rua, em alto e bom tom, de forma afinada. Sempre terei disponibilidade para bater papo com os mendigos, e acolherei-os em seu abandono em meu olhar.

Acolherei todas as crianças que eu ver, e delas tirarei todo peso que o mundo despeja sobre suas almas com um simples olhar, um sorriso.

Trarei de conversar com os iludidos de todas as naturezas. As palavras brotarão feito arte da lingua, desestabilizando as muralhas de suas naturezas rudimentares e incompletas.

Amarei a todas as mulheres, apreciando a beleza das mais feias e das mais bonitas, e através da mágica do coração, despertarei em todas o amor puro e livre, para que estas, depois acolham em seu amor a todos os homens, purificando seus corações.

Meditarei por horas, desejando a iluminação e o caminho da profunda espiritualidade a todos os seres. Entrarei e sairei do nirvana, levando ao jardim dos Budas novas almas a cada mantra.

Através da profunda poesia tocarei intuitivamente uma a uma, todas as almas.
Através da musica, levarei-as para o caminho profundo da paz interior.

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E morarei na Bahia.

Tuesday, April 18, 2006

Musicalidade, Arte, Bordas a perfurar. I ching or not I ching?

Não é todo dia em que se viaja profundamente em direção as excentricidades da própria alma. Ou serão várias?

O que se esconde por trás do véu da sua constância diária, coordenada pelo despertador, cujo ápice chega nas cenas finais da novela das oito?

"Você deve estar louco, deve ter realmente uma boa razão" escuto o pink floyd soar propositalmente, pus de fundo para escrever.

Não sei as razões profundas da minha alma, mal a conheço, como a maioria de vocês, mas sinto me preparado a encara-la com menos medo do que em outros tempos.

O caminho espiritual é um fino e estreito gargalo, entre os vários bueiros da loucura.

Hoje fui acometido de uma profunda e espetacular catarse musical, um vômito sonoro, em todos os tons, em belos arranjos guardados no inconsciente. O piano é o meu grande oráculo com a natureza mais profunda da vida.

Resgatei então energias ocultas, e conectei com entidades musicais internas, cuja origem não me importa e sequer o nome. Foi um grande passo.

Mas enfim, enchi o saco de escrever. Outra hora retomo o assunto.
Aos queridos amigos que venham a ler este blog, por favor deixem algum comentario, uma provocação, uma ofensa. É chato conversar com o vazio.

Não que eu esteja procurando elogios, quero na verdade é ouvir almas...Sou encantado por almas vivas. Quando eu resgatar a minha do calabouço onde está metida juro que serei o mais falante dos homens. ;]

Odeio e adoro escrever nos meus dias caóticos. Tudo sai de forma desorganizada, beirando o psicótico, porém, é profundamente verdadeiro e honesto.

Ah
Leiam, releiam e releiam de novo O lobo da estepe. E uivem...seus burgueses de merda. ;D

Beijos! Na melhor das hipóteses.

Thursday, April 13, 2006

Catarse Hiperatiiiiiiva

Just a little spoon of your precious love
Will satisfy my soul.

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Friday, April 07, 2006

Não Sei - Nausea e Anseio

Acho que esse é o maior problema.
Não me conheço mais.
Me deixo levar pelas marés do entretenimento
Preencho o vazio, deixo me viciar.
Entro de cabeça no primeiro sonho vão
Há um vão, a ser percorrido.

As costas doem, os braços, tendinite, lesão por esforço repetitivo
São insignias insuficientes para o basta.

Que mundo louco é esse?
Quem são vocês ai? Por trás desses olhos?
Onde vocês querem chegar?
Eu já perdi o meu rumo...

Cansei de andar no caminho das brasas, tropeçar nas pedras que ela deixou.
Mas este caminho era apenas mais uma tentativa vã, no sentido oposto da grande jornada.

No fundo, nada aqui me soa mais importante.
Meu caminho virou silencioso e circular.
Há almas que pedem socorro e eu trabalho com elas
Mas a minha não consigo encontrar.

É preciso desprender um grande esforço, e para isso não localizo forças
Sei que elas estão perdidas dentro de mim, e as vezes explodem feito fogos de artificio
Em esvoaçante e desperdiçada beleza, que não gera colorido algúm, pois o céu está nublado.

Sinto necessidade de nascer de novo, e de novo, e de novo, por uma centena de vezes, em companhia de almas libertadoras e caridosas. Assim posso absorver a liberdade, ser acolhido no sofrimento, e tolerar o sofrimento de outrém como dádiva, insignia divina para a libertação e o crescimento.

Necessidade de introspecção e silencio. Um retiro, um coma nessa personalidade. Por o eu na gaveta, me tomar pelas profundezas, estas, que em noites intranquilas me revelam por horas os esgotos profundos, e me devolvem apenas fugazes instantes de memória consciente.

As coisas não são o que parecem, nem parecem com qualquer outra coisa. Se é que são.
A fase de absorção de conhecimento deve cessar
A fase de Junção deve iniciar.

Assim que eu achar o rumo, estou indo imbora. Não sou daqui...nem da Bahia. Sou de aquario.
E já estarei lá quando você chegar.

Sunday, April 02, 2006

Meu coração se apaixona em cada manhã...

Era essa a frase que emanava na musica do irmão, o filho do cacique. O terremoto que atingia o meu corpo em companhia do chá, a entidade, era inédito e impressionante.

As pessoas estavam reunidas na casa do cacique. Comemoravam os 10 anos daquela tribo que formaram no cume da montanha, naquele lugar especial cuja vista da lagoa, da ilha e do mar, sozinha, despertava sabores profundos da alma contemplativa. A tenda moderna, que o cacique arquitetou para acolher e curar milhares de almas enquanto curava-se de sua triste infância, nos acolhia desde a vespera, e a musica já estava pulsando em nós.

Além dos outros irmãos indios buscadores, havia também o pajé, com os seus vários instrumentos, e a sua esposa. Eu sabia que haviam pessoas mágicas nesse mundo, porém nunca tinha conhecido nenhuma; nosso pajá era a figura mais estranha e mais fascinante que eu já vira, nele parecia que manifestavam se milhares de ancestrais. Havia uma energia eterna que fe-lo cantar com sua esposa de maneira muito linda, por horas, musica suave que conduziria o chá por nossas entranhas.

E havia o chá, em uma garrafa de vidro, ao lado do cacique. Este acendia as velas do altar, o incenso, a fogueira. O cacique era um homem honrado e de muito mérito, distribuiu o chá nas vasilhas, com muito respeito e agradecimento, principalmente ao distante produtor, no acre. Cada um tomou a sua dose, e todas as doses passaram por varias mãos.

A partir dali todos estavam sob o cuidado e proteção do cacique, porém livres. O pajé puxou a primeira musica, e a aldeia começou a acompanhar com os seus instrumentos. O som que emanava do cume da montanha amplificava-se nas madeiras das paredes, e toda a comunidade ao redor era abençoada.

Eu estava ali, pela primeira vez. A bebida era amarga. Quando tomei a dose lembrei me de todo o esforço que fizera, as seis horas de viagem, a semana sem beber e com pouca carne. Tomei-a sem pestanejar. A partir dali eu não tinha referências, eu sabia que nada seria como eu imaginara.

As pessoas aos poucos se soltavam ou abstraiam e si mesmas. A musica começou a envolver a todos, eu, porém, não sentia nada de diferente, e me sentia incomodo. Resolvi fechar os olhos um pouco e senti que havia algo levemente diferente, os pensamentos estavam mais visiveis, porém, nada de especial.

Antes eu rejeitara o instrumento à minha frente, um pandeiro, não haviamos nos dado muito bem. A minha voz decidiu querer soltar-se, e assim foi. Deitei me para trás e comecei a entrar na musica. A falta de folego habitual dissipou-se no momento em que deixei a garganta me levar sozinha. Nunca eu havia cantado assim, eu me sentia poderoso, e toda a aldeia resolveu cantar junto, lindo.

Encontrei o meu irmão de musica proximo ao banheiro, os olhos dele brilhavam. Perguntou a mim se havia "batido". A resposta foi negativa, "de leve"... O chá já estava em mim, eu é que ainda não estava em mim, acho.

"quer mais uma dose?" "sim". Me aproximei do cacique, e novamente recebi de suas mãos a vasilha com aquele conteudo mágico e amargo. Dessa vez sim.

Enquanto eu mantinha os olhos abertos eu estava lá, mas o chá convidava a fecha-los. E ai desenhava em conjunto com a musica paisagens simbolicas muito bonitas...navegava na alma, modificava e mexia o corpo, e eu sempre ali, em consciência.

O primeiro enjôo, a primeira lavagem, me dirigi ao banheiro escuro. O irmão de libra tocou me as costas e me conduziu ao grande fosso. Ali eu haveria de voltar em varias ocasiões na minha viagem para dentro de mim. Foi bastante duro, mas logo percebi que o vomito é sagrado, é limpeza, pus aos poucos tudo para fora.

Eu ainda não me sentia integrado e livre naquela familia de indios. A musica me tocava e me levava, porém, dessa feita eu não mais participaria dela. Eu ia ao grande fosso despejar os venenos que o chá tirava do cerne da minha alma, e das profundezas do meu corpo, voltava, me deitava, para alguns minutos depois voltar e despejar mais no grande fosso.

Naveguei por muitos mares da minha vida, da minha infância mais remota retomei o prazer de devolver ao mundo em forma de vômito as impurezas. Juntei peças muito remotas, e percebi que estou ainda longe de compreender a real dimensão do meu ser.

Eu estava muito a vontade com o chá, nesse momento eu o respeitava como entidade dentro de mim. Por alguns momentos interrompi todos os lamentos e contemplei a simples felicidade de existir...Desejei que a experiencia se mantesse por muito tempo.

Nas inumeras vezes que fui me purificar no grande fosso, encontrei irmãos botando as dores para fora, de sua forma caracteristica. O cacique ria e divertia-se quando via um de nós dirigindo-se ao grande fosso. Sábio, sabia que o chá estava trabalhando. Em uma dessas me ofereceu uma terceira dose.

"Eu sei ler pensamento viu?". Brincadeira ou não, cá estava eu com mais uma dose na mão. Ingeri com mais receio, pois estava vomitando antes de toma-la. Após ingerir, fiquei novamente sóbrio. Contemplei a musica por um tempo, e depois fechei os olhos mais uma vez.

Minha resistência estava um caco, eu não aguentava ficar sentado. Deitei e deixei o chá me levar para novas paisagens. Entrei em estados que eu reconheci, transes entre a vigilia e o sono. A musica do pajé gerava imagens lindas, a percursao dos irmãos alimentava e gerava movimento. O ritual já aproximava-se da sua quarta hora de duração e o pique seguia igual.

Meu irmão de viagem, o filho do cacique, o homem cuja musica ainda dominará o seu ser completamente, pegou o seu violão. Começou a tocar uma musica de sua autoria, que eu ja conhecia e já havia tocado com ele. Sempre achara uma musica especial, porém, nunca havia sentido a força da mesma. Meu corpo estremeceu feito um terremoto, aquela musica parecia que convocava a terra a reconstruir o mundo naquele momento. Tudo vibrou.

Fui ao grande fosso pela ultima vez. Dessa vez apenas o chá saiu, com o mesmo gosto que entrou...e eu senti que o fim se aproximava. Logo reunimo-nos, o pajé recolheu os instrumentos. Houve a minha musica, com o belo solo do irmão musical. A semente de uma nova parceria no final da cerimônia dos ancestrais. Muito bonita.

O bem estar era completo naquele momento. A sensação de pureza e saúde. Todos reunem-se, entoam um ultimo mantra, um OM. Sentam, e partilham as proprias experiências.

Acaba o ritual, e vou até uma roda onde se encontra o pajé. Pergunto se ele fora ao peru alguma vez, porque nitidamente ele era um indio para mim. Um Inca. Equador, apenas...num desses 50 anos de estrada espiritual com o ayahuasca.

"Quando voce toma o chá você não pode ficar muito trancado na atualidade. A atualidade é legal, é você hoje, mas amanhã o seu corpo acaba e você some, tem que abrir mais. Muita gente tomou esse chá e estão por ai, junto com a gente."

As palavras tocaram fundo. Senti que o caminho apenas começa. O chá e os seus escolhidos apresentaram o seu cartão de visitas.

Novos acontecimentos acontecerão, a aldeia do descendente começará em breve, e estarei lá também.
O chá chamará os certos.

Paz e luz.