Tuesday, May 29, 2007

To pensando em fechar isso aqui por falta de quórum...

Mas enquanto não fecho aproveito pra reclamar do frio.
Ôô seu São Pedro, manda esse frio pro nordeste pô. Ou pra alemanha que eles ja tão acostumados.

Friday, May 25, 2007


Os construtores-de-canais conduzem a água,
Os fazedores-de-flechas endireitam a haste,
Os carpinteiros trabalham a madeira;
Os sábios domam a si mesmos.

(Dhammapada, versiculo 113)

--

Realmente intrigante.
Volta e meia, o Dharma do Buda é um deja-vu do meu Karma do ayahuasca.
Que imagem!

Monday, May 21, 2007

Circulo Viciante

Hoje a noite eu nem ia ligar o computador. Havia recem acabado de ver um (belo) filme, sobre um jogador de golfe (lá dos anos 20), nao cheguei a ver o nome. Mas me deu uma vontade de ligar e escrever algo aqui. Vontade que despontou em uma bela sequência de frases na mente enquanto eu devorava um belo sanduba na cozinha. Como de costume, nao lembro bem delas.

Não deve ser um dilema de todos. Certamente não é. Mas tenho uma dificuldade tremenda em transpor essa fronteira com facilidade. A fronteira do Eu-interno com o Eu-mundo. Eu pensamentos para Eu palavras. Eu desejo para Eu ação...Eu pensamento comendo um sanduba para Eu belo texto no blog!

Há pessoas que tem compulsão a falar e intoxicar os outros com seus problemas e visões do mundo. Incapazes de refletir. Convenhamos que eu ainda prefira meu jeito mais silêncioso, teleespectador pouco exigente da perfeição da vida. Admirador de suas formas e temeroso de seus aspectos mais indecifraveis. Buenas...

...a vida é um sopro.

Eu vinha ali me lembrando. Sempre gostei de viajar que um dia eu ia ficar famoso, dar entrevista no Jô Soares...por alguma razão. Sempre gostei de bater papos imaginarios com o Jô Soares. No fim das contas acho que não vou ficar famoso não. Não tenho talentos tão especiais para isso, e na verdade hoje em dia penso que a vida de famoso deve ser um tremendo pé no saco. Entrevistas, entrevistas, bajulação daqui, bajulação dalí. Polêmicas, etc. Tudo numa salada imaginária que alimenta a barriga das familias dos reporteres, apresentadores, etc. Tudo uma tremenda gargalhada, por que...

...a vida é um sopro.

Tinha eu, quando criança, medo de virar adulto. Adorava ser criança. Medo de virar adulto não era nada comparado a ficar velho. Meu deus... E claro... a inevital morte, essa sim, era minha tremenda fonte quase incessante de desespero e sofrimento. Juro...desde cedo.
Vale ressaltar que nasci numa familia meio desprovida de fé. Orgulho por parte de pai, desconfiança, creio, por parte de mãe. Digamos que, talvez o fruto dessa falta de fé ainda resulte de uma boa inteligência em ver a obcenidade que é a igreja católica.

Sem precisar repetir mais uma vez o que o gênio Niemayer não cansa de repetir. Na verdade, dei uma pausa aqui pra refletir mais uma vez aonde eu queria chegar com esse texto. Acho que nenhum lugar. Queria vir aqui, despejar umas linhas e ver se eu achava o que eu queria dizer pra voces hoje.

Sim vocês!

Por presunção, pura ignorancia, comecei uma vez esse blog achando que ia ser um espaço MEU, comigo mesmo...Pss...besteira. Já tenho um cabeção que não para de gastar tempo com isso. O que me agrada aqui é falar com vocês.

Quando falo vocês, penso em 3 pessoas que leem isso sempre. São tres pessoas que eu realmente amo, e fico muito feliz quando essa leitura se torna um comentário. As três sabem de sua importancia pra mim. Tempo e distância não existem, as pessoas importantes se inscrevem na sua história, mudam o seu mundo, e sempre estarão de alguma maneira nele.

Bom, penso tambem em umas 4 ou 5 que volta e meia pairam aqui pra ver, dão um alou. Ótimo. Um abraço e obrigado! E imagino que umas 5 ou 6 que eu nem imagine, que nunca deram as caras, leitores fantasmas, pintem voltemeia ai. Agradeço também.

A vida é uma porção de espelhos, onde a gente se vê, se multiplica, se revela e se omite. Onde a gente se vê grande e pequeno. Amado e odiado. É o nosso éco. A vida e o mundo são meus. As pessoas moram dentro e fora de mim. Se sou o que sou, 99% é fruto das experiencias que vivi nesse Samsara. Imagine um entrelaçado conjunto de memória e imaginação interagindo com os novos dados que a estrutura recebe do mundo. Tudo é relação!

Como diz meu amigo Juarez, esse sim um tremendo Buda vivo: Tudo é F(x) = y. Função, relação.

Observar isso ajuda, mas nada é alem do dedo que aponta pra lua. Viver de coração aberto, no agora, ciente da impermanencia, que tudo é transitório e sempre em mutação...que as coisas tem tempo pra acontecer, e perdido o tempo, se dissolvem. Que nossas expectativas e insatisfações, habitos, desejos, apegos, e as outras emoções são sofrimento purinho. Puro sofrimento.

--- DIFICIL ESSES DOIS PRIMEIROS PASSOS---

É...mais dificil ainda são os proximos:

Contemplar o Não-Eu e o Nirvana. Que tudo é vacuidade: Vazio é forma, forma é vazio. Assim como a identidade, o tempo, o chope no fim da tarde. A memória do seu tio avô. O eterno amor de sua vida...tudo vazio de essência. Transitório e passageiro dançar da roda da vida.

Esses são os três Selos do Dharma. Um "certificado de garantia" do caminho budista. Se conter esses tres selos, independente daonde surja, se vier num meteoro marciano, ou dum pergaminho asteca: É o caminho do buda, e você deve trilhar.

Confesso aqui minha fé no Lama, no Buda, e na Sangha (comunidade e regras budistas). No fundo sei que é tudo plenamente real e verdadeiro. Mas tenho meus medos. Medo de meter a cara na ferida. Ainda não superei essa vidinha de avestruz, enfiando a cara no buraco e esquecendo que o caminhão da roda da vida não vai parar, vai passar por cima e não faço ideia pra onde vai levar.

Tive coragem de encarar o Vinho dos Mortos (ayahuasca, vegetal ou Santo Daime) por quatro vezes. Das ultimas três sai convicto de que nunca mais teria coragem de ingeri-lo. Ao mesmo tempo uma certeza de que voltarei a ver aquela profundeza de mim mesmo e do universo inteiro assim que morrer, e até nascer novamente, num infinidavel ciclo de sofrimento. Essa visão é realmente dura. É a revelação pra si mesmo do que se é. Sem as defesas que a gente constroi. Chorei, tive medo, tive desespero, procurei um Deus pra me salvar e achei apenas o vazio e a sensação de que a visão desse desespero todo é o verdadeiro inicio do caminho. Encontrei a paz e o equilibrio na voz de um anjo, e o caos de um turbilhão. Tive medo da solidão e vi como temo em pedir ajuda quando preciso.

Baita aula. Mas morro de medo de tomar novamente o ayahuasca. tenho medo de encarar o dharma do Buda de frente. Medo de ficar louco nesse caminho. Morro de qualquer jeito. Mas espero um dia realmente seguir o dharma verdadeiramente, nessa vida se possivel.

---

Essa musica do Tom Zé me lembra MUITO o ayahuasca:
(toca direto no Mr.Dam...volta e meia no Pé Palito também)

Xiquexique

(Tom Zé e Zé Miguel Wisnik)

eu vi o cego lendo a corda da viola
cego com cego no duelo do sertão
eu vi o cego dando nó cego na cobra
vi cego preso na gaiola da visão
pássaro preto voando pra muito longe
e a cabra cega enxergando a escuridão

eu vi a lua na cacunda do cometa
vi a zabumba e o fole a zabumbá
eu vi o raio quando o céu todo corisca
e o triângulo engulindo faiscá
vi a galáctea branca na galáctea preta
eu vi o dia e a noite se encontrá

eu vi o pai eu vi a mãe eu vi a filha
vi a novilha que é filha da novilhá
eu vi a réplica da réplica da bíblia
na invenção dum cantador de ciençá
vi o cordeiro de deus num ovo vazio
fiquei com frio te pedi pra me esquentá

eu vi a luz da luz do preto dos seus olhos
quando o sertão num mar de flor esloreceu
sol parabelo parabelo sobre a terra
gente só morre para provar que viveu
eu vi o não eu vi a bala matadeira
eu vi o cão, fui nos óio e era eu

---


Buena, encerro aqui, antes que ninguem tenha paciencia de ir até o fim!
;D
Obrigado por voces estarem ai!

Thursday, May 17, 2007

Mito

Disse o viajante ao fogo, enquanto o fogo dirigia a ele a dança de sua luz:

"Vim para ver se não esquecia a mim mesmo de vez, nesse vendaval de silêncios! Pra não morrer antes de viver... Só vi lamento nas ultimas pastagens, vi o principio da ordem no limite do caos."

"Vi que a paz das geleiras é forçada pelo frio que imobiliza suas juntas. E vi que a dança do fogo só arde nos que carregam a solidez da carne."

"Ouvi o som do silêncio e a confusão da cidade. Senti o ruido circular e o ruido progredir. Servi ao som mais simples e me perdi no solitario narcisico do mais complexo."

"Optei dar vida ao som, e agora desejo um mestre. É minha mente você diz. Onde ela está, senão em ti, senão no que toco, no que ouço, no que gozo e no que rejeito? Fogo, me pedes pra não tirar a atenção de ti por um só instante, e nesse surto, reconheço as memórias de éons nas sombras. Se tenho tua luz, só posso estar no caminho certo."

"Purificai meus gestos e me dá as chaves do simbolico. A vasta mandala por trás da linguagem. O oculto soar do tambor no ventre. O coração emanando o pulsar. Se no profundo caos eu me achar, e tua luz me iluminar, prometo doar meu som a quem no frio e na dor agonizar."

O fogo seguia a dançar. A fumaça do incenso formava um espiral. Os tambores soavam, mecanicos nas caixas de som, carregavam demonios de outros tempos, que riam, riam, riam dos tempos medonhos de hoje em dia. E assim seguiu o mito da musica e do homem que falava com o fogo.
Eternamente, por uma noite.

Wednesday, May 16, 2007

Confesso que cheguei a um bloqueio criativo quase eterno
Cai num pote de cimento. Engessei e vivo dias de vacas magras.
Mas amanhã vai ser outro dia.