Tuesday, October 28, 2008

Sobre o inesquecivel, o que pode se dizer?
A Schneider que eu bebi me deixou emotivo
O ano vai chegando ao fim, e eu não existo aqui em 2009
Estarei no amanhã, acordando enquanto vocês dormem.
E sobre o peso do que sinto? Do que deixei pra trás nunca deixando?
Vou renascer, sem o fundamental.
Subentende-me? Fenix meu?
É só um tanto de medo...
Só um tanto de desespero diante do sol que nasce.
Renasce...

Protesto pra poder transbordar

Sim, vejamos...essa é a minha postagem numero 167.
Devo ter uns 3 anos de blog...ou mais. Tem muita coisa que eu gosto bastante escrita nele.

Comecei esse blog de maneira despretensiosa, mais como uma poça de lama onde se cospe os catarros da vida. Daí aos poucos fui descobrindo coisas no infindavel mundo da expressão literária e acabei desenvolvendo alguns dons, como a poesia. Minha alma de poeta anda meio enferrujada por sinal, acho que por que fiquei momentaneamente velho, 2008 é o ultimo dia da minha velhice, que começou no final de 2006.

Na verdade, minha ideia inicial para esse post é atirar o pau no blogger e mandar ele tomar juizo :] Acho uma bosta que ele não tenha uma ferramenta mais inteligente para os usuarios acessarem os posts antigos. Tipo uma lista completa, com data. De repente ao autor poderia fazer um mapa do seu blogger indicando os bons e maus caminhos.

Tá, algum crâniozinho da informatica vai dizer "se tu manjasse de HTML, XML ou o escambau tu saberia fazer", porém, não manjo, não quero manjar e tenho raiva de quem manja. MAS QUERO UM INDICE NO MEU BLOG!

Pronto. Protestei!

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De resto, ando com um fluxo infinito de coisas na cabeça ultimamente, acho que preciso diminuir pra conseguir postar alguma coisa que preste.

Essa noite tive um sonho exótico que eu adotava dois cachorros salsichas, fedorentos e inteligentes. Um deles era teimoso até, e por sinal sabia acender incensos.
No fundo é foda ser psicólogo, já tenho mil teorias... Bom era o tempo que eu sonhava apenas por sonhar.

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Esses tempos descobri algo sobre a arte de interpretar. Quem me conhece como musico, poeta, ou muito raramente ator cômico, sabe muito bem que minha capacidade de improvisar é 500% melhor do que a minha capacidade de planejar e agir. Sou péssimo interprete das minhas próprias musicas, dos meus próprios solos, das minhas próprias poesias. Eles surgem ótimos quando vem, impecaveis. Daí em diante cabe a mim executá-los errado sempre.

Me questiono bastante, por que é obvio que criar é um artificio mais raro e dificil do que repetir. Criar passa pelo sentir. É como comer a fruta madura no instante que ela naturalmente cai da arvore e você a segura nas mãos. É a delicia da vida. Repetir é meio sem graça. Mas não era pra ser complicado.

Buenas, ultimamente resolvi cortar um pouco minhas preocupações comigo mesmo enquanto toco alguma musica. Resolvi que pra melhorar é preciso facilitar. Me por quase como uma testemunha, um fiscal de alfandega, que apenas deixa aquela musica sair de mim e ir para o mundo, embora seja uma imitação. Como se o John Lennon em mim cantasse Yesterday, e eu apenas canalizasse.

Isso dá um pano grande pra manga. Mas não vou ter tempo pra escrever! Trata-se do peso do eu em relação a leveza do ser (parafraseando o Kundera que estou lendo), nossa identidade mais atrapalha do que ajuda nessa hora. A inteligência é o não-eu, aquilo que transborda do universo quando estamos abertos. O eu a gente protege, teme, defende... é um fardo.

Tá. Outra hora prossigo o assunto, me cobre :]

Monday, October 20, 2008

A infinitude de um momento fugaz, ou o momento infinito de sentido fugaz

O torneio de poker entre amigos já está na vigesima e tanta rodada, eu já bebi todas as minhas cervejas e anotei o prejuizo de 7 reais. Para entrar na partida nesse momento custa 1 real, e as apostas estão nesse patamar.

Bruninho que recentemente falira, resolve dar um Re-buy, que pelas regras estipuladas do poker do estudio mistico era de no maximo mais 2 reais. João Porradinha, atual chip-leader rí, eu rio, Johnzito ri, Patinho...todos.

A vida é composta de pequenos momentos que podem ser cruciais na vida de um sujeito. Em geral levamos a nossa vidinha no seu cinzento caminhar habitual. Pegamos o mesmo ônibus, cumprimentamos o porteiro e falamos alguma banalidade, damos oi e tchau em casa. Seguimos a rotina em 80% do tempo para, em alguma situação X no fim de semana expormos mais nossa vida diante da sorte, apostamos mais fichas. Claro, isso dobra ou triplica no caso de você, como seu, ser uma pessoa solteira.

Ontem a noite fui em uma festa no Ocidente, a Blow Up. De cara preciso dizer que a primeira associação que eu faço é com aquela cena de Matrix Reloaded onde Morpheus dá um discurso dá inicio a uma festa de acasalamento em Zyon... Sim, essa festa é um ajuntamento de 5000 mil pessoas no espaço minimo possivel para que haja um suado deslocamento, musica alta e luzes piscando. No estilo dê um oi, ou nem isso, e tome posse da femea.

Não sou acostumado a essas coisas, sou o rei de perder os momentos únicos. Na verdade até por não dar o devido valor a eles. Como já sou nego velho e bastante calejado até pros meus 24 anos de vida, mais me divirto com as oportunidades que perco do que lamento. Até por que sei que um momento pode ser mais transformador do que parece.

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A primeira guerra e a segunda somadas, custaram cerca de 100 milhoes de vidas russas e uns 90 milhões dos paises aliados. A conjuntura dos fatos que precederam esse sangrento combate tem a ver com diversos fatores: economicos, etnicos e qualquer que seja o escambau. Mas o inicio da guerra surgiu da sutilileza de um pensamento, que ao tornar-se uma determinada ação, encontrou na sutileza do raciocionio alheio a decisão de declarar o conflito, e nisso, inúmeras vidas de uma época foram subtraidas, outras tantas mal vivídas. A geração seguinte carregou certas marcas de uma tal guerra fria (ditaduras nos paises subdesnvolvidos), e a atual escreve em blogs reflexões sobre a vida.

Há algo que relacione intuição, insegurança e momentos fugazes. Não sei bem o que é. Meu pensamento budista também vê se obrigado a incluir nisso a figura do mérito. Ontem a noite tive diversos momentos, alinhamentos planetários com mulheres encantadoras, mas tchum, antes que eu pudesse tirar proveito, no titubear de um pensamento mais elaborado, surgia um eclipse, e aquilo encerrava-se. E eu, como já disse, nego velho, apenas sorria.

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Já li algumas coisas aterradores vindas de lamas budistas. Lembro de um texto em que Dilgo Rinpoche dizia que independentemente do que se faça da vida, compassivo ou não, iluminado ou não você apenas faz desenhos nas nuvens, agita o nada...e ponto. Budismo é dureza. Mas como o renomado e devotavel mestre Dilgo Rimpoche era consistentemente e constantemente sorridente, acho que há algo de sensato e otimista nisso tudo.
Bom.

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Bruninho com seus 2 reais frente a cerca de 25 reais divididos entre outros dois participantes, mais uma merreca na mao do Johnzito, teve um lampejo de sorte, ganhou umas 3 ou 4 maos importantes em sequencia, e acabou ganhando o bolo final de 31 reais.

Juro que eu ia falar mais sobre os momentos eternos onde o sentido nos foge a compreensão. Mas acabo de chegar em casa, leve dos 7 reais que perdi na tal mesa de poker do estudio mistico... ainda sem uma resposta definitiva quanto a questão se eu abandonei ou não o mais longo segundo de abstração de sentido e lógica que o meu coração me aprontou. Obviamente ela começa com um não, mas não menos obvio ela não encerra-se nisso. Talvez seja "Nào. Apenas deixei de ter fé, e comecei a achar tudo mais engraçado do que triste, mais leve do que pesado. E também mais cinza do que eu sempre desejei."

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Amanhã se eu lembrar eu corrijo esse post. Devo confessar que alem dos 7 reais, volto mais leve de meia caixa de cerveja que eu bebi :]

Friday, October 17, 2008

Kunderações

Quero iniciar essa conversa dizendo que sou fã de carteirinha do Milan Kundera. Não, não se trata de uma versão tchecoeslovaca do clube rossoneiro de milão. Trata-se um escritor de romances.

Não posso dizer que eu seja um leitor de grande nível e aspirações. Não li 97% dos grandes classicos da literatura, mal folheei shakespeare, de Oscar Wilde só sei que era veado. Nada li de suas linhas. E o resto dos grandes não sei direito quem são, tirando algumas excessões como o (sensacional) Herman Hesse. Mas o Kundera, buenas... ja tô no meu quarto romance, com o quinto devidamente engatilhado. Sou fã e vou devorar o que eu achar dele pra ler.

O mágico Kundera pega minha vida e atravessa ao meio como se fosse uma lancinante espadada do zorro. Me desnuda frente aos meus sentimentos e purifica minha visão historica dos acontecimentos da minha vida. Não que ele seja parecido comigo, o fato é que trata-se de um gênio com seus olhos apontados para os vários tipos de miseráveis humanos, e consegue extrair a beleza e a inteligência que emana dessa maçaroca que se forma entre as vidas em que cada um de nós está metido.

Além de eu me aproveitar dos romances para refletir no espelho dos personagens as minhas próprias histórias, sempre há implicado uma série de outros personagens que vem a contá-la de outro jeito, de um ponto de vista que anula toda aquela costurada forma de ver que eu me identifiquei. Torna risível.
Ler um livro do Kundera é ler o multi, os varios lados de uma historia e, principalmente, a forma como isso tudo se mistura na forma de relação entre as pessoas. É contemplar o vazio aterrador que mora na ausência de uma verdade única, e ao invés disso, ser invadido pelas infinitas possibilidades de versões humanas sobre os acontecimentos cotidianos, amores, sexo, política e a musica.

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A Insustentavel leveza do ser. Assim chama-se o romance que comecei a ler hoje a tarde. Ele oferece logo de cara uma cena que vou ter que postar aqui. Ao ler, foi como se eu fosse convidado a uma reprise cinematrográfica de uma cena marcante do meu passado recente, 2006. Uma cena que mantenho viva e que nenhum detalhe dela me escapa, é um romance, um conto cinematografico na minha memória. Kundera me oferece então, como que uma refilmagem com outros personagens, outro cenário, outro contexto, com o dedo da sua genialidade diante de um sentimento bruto, que surge da mesma fagulha desse "drama" que vivi, e vira um incendio de grandes proporções. Algo que é também por assim dizer, universal na humanidade. Sua versão me fez mergulhar com a maturidade atual nas ondas do passado e transcende-lo novamente, Pô-lo diante de uma revisão.
E então, modificar o passado, esse ente que nos acompanha sempre vivo, intocável, mas ao mesmo tempo mutável, modificando-se assim que é revisitado, revisto com os olhos de quem amadurece ao longo da vida. Assim também é o presente e o futuro. Os tres tempos não tem bordas definidas.

Segue entre aspas o texto:

"(...) Volta, mais uma vez e sempre, à imagem daquela mulher deitada no divã. ela não lhe lembra de ninguem de sua vida de outros tempos. Não era amante nem esposa. Era uma criança em uma cesta abandonada em um rio que ele tirara da correnteza e colocara no regaço de seu leito. Ela havia adormecido. Ele se ajoelhara ao seu lado. Sua respiração febril se acelerava e ele ouviu um leve gemido. Encostou o rosto contra o dela e sussurrou palavras reconfortantes durante o sono. No fim de alguns instantes, sua respiração tornou se mais calma e seu rosto se levantou maquinalmente em direção ao dele. Sentiu nos labios o cheiro um pouco acre da febre e o aspirou como se quisesse se impregnar da intimidade de seu corpo. Imaginou então que ela estava na casa dele já a muitos anos e morria. De repente lhe pareceu evidente que não sobreviviria à morte dela. Estendeu-se ao seu lado para morrer junto com ela. Seus rostos uniram-se sobre o travesseiro e assim ficaram por muito tempo.
No momento Tomás está de pé na janela e relembra esse instante. O que seria senão o amor que assim se revelava?
Mas seria amor? Estava persuadido de que queria morrer ao lado dela e esse sentimento era claramente exagerado: estava vendo-a então pela segunda vez na vida! Não seria mais a reação histérica de um homem que, compreendendo em seu foro intimo sua inaptidão para o amor, começa a representar para si mesmo a comédia do amor? Ao mesmo tempo, seu subconsciente se mostrava tão covarde que escolhera para sua comédia essa modesta garçonete de província que não tinha praticamente possibilidade de entrar em sua vida.
Olhava os muros sujos do pátio e compreendia que não sabia se era histeria ou amor.
E, nessa situação em que um verdadeiro homem saberia agir imediatamente, ele se recriminava por negar assim ao mais belo instante de sua vida (está de joelhos à cabeceira da moça, convencido de não sobreviver à sua morte) a sua plena significação.
Torturava-se com recriminações, mas terminou por convencer-se de que era no fundo normal que não soubesse o que queria: nunca se pode saber aquilo que se deve querer, pois só se tem uma vida e não se pode nem compará-la com as vidas anteriores e nem corrigi-la nas posteriores."
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Ainda estou na pagina 34, muitas aguas vão rolar.

Mas enfim. Sempre que me pego pensando ainda nessas velhas fotos do album acabo me auto-censurando um pouco. O passado não deve ocupar muito do pensamento de ninguem, apenas se for pra esvaziar a energia de algo que se repete sem cessar. Algo que se repete por travar, atolar...

Coisas do ser.

Deu. Enchi o saco de escrever por hoje.

:]

Sunday, October 05, 2008

Estimação

Desde criança tenho uma predisposição a gostar mais de gatos do que cachorros. Lembro do meu primeiro animalzinho até hoje, chamava-se Mimí e sumiu misteriosamente. Não lembro exatamente a idade que eu tinha, talvez uns 4... Esperei uns bons anos que ele voltasse, e claro...ele não voltou (algumas coisas se repetem na vida de um sujeito...). Deixei isso pra lá quando ganhei a segunda edição do Mimí, um gato brasino bonitão, charmoso que saltava do telhado para a arvore com uma desenvoltura que nem o melhor ginasta olimpico sonha em ter. Eu tinha uma adoração por ele. Morreu tragicamente no ano de 1993. Gatos costumam morrer de forma trágica, mas pouparei-vos dos detalhes.

Tive alguns gatos entre esse glorioso Mimí e o adorável Mio, outro gato brasino. Áh...que saudades do gato Mio.

Aprendi alguma coisa na infancia sobre a personalidade dos felinos. Uma delas é: não tente adotar um gato adulto na marra, portanto nunca aceite um gato adulto de presente. Diferentemente dos cachorros, eles são completamente avessos a novos amigos, donos, enfim... A Mél era uma gatinha branca com preto e fugiu com um mês e tanto...o Tião, um gatão amarelo não me deixou tocar nele sequer uma vez... Logo que chegou ao patio pulou para o vizinho e ficou em cima de um muro por longas horas sem que ninguem pudesse tirá-lo de lá. Foi a ultima vez que o vi.

O gato Mio veio pra minha casa quando eu tinha uns 7 ou 8 anos... como eu tenho memória de elefante, ou de alemão (como alguem já me disse), lembro bem do primeiro dia daquele mini-tigre de dois meses. Na verdade ele chegou de noite, numa caixa de papelão como todo filhote de qualquer especie que chega numa casa de familia, e, logo que o soltamos, ele correu pra baixo da mesa, assustado. Tentei chamá-lo mas era impossivel pegar. Minha mãe disse pra deixar o bicho se habituar... fiquei de longe vendo, ele saiu, miou procurando sua mae, seus irmãos. Pensando bem é uma crueldade sem tamanho adotar um filhote, mas buenas...
Lembro que mais tarde, já naquela noite minha mãe conquistara o bichano e tinha-o no colo ronronando alto e feliz da vida recebendo um cafuné.

O gato mio era muito dado...gostava de carinho no queixo, coisa que depois descobri que não é todo gato que gosta...ronronava feito um trator! Era magrelo e chegado num cafuné. Miava na porta pra entrar ao invés de dar a volta no patio, era preguiçoso. Como todo gato varão, voltava sem uns nacos de carne quando ia atrás de uma gata. Quando ficava com fome volta e meia furava um saco de ração, não era muito de esperar!

Aos meus 11 ou 12 anos ganhamos um husky marrom de nome lobo, era um tantinho só maior do que o gato, se escondia atrás da pia e atravessava para o pátio numa esquadria de janela do tamanho dum azulejo de banheiro. Virou amigão do Mio...

O Lobo foi o meu primeiro e único cachorro, e o gato Mio foi o meu ultimo gato. Conviveram juntos por uns 2 anos. Quando o lobo era filhote ambos rolavam brincando, e depois que cresceu ele cruelmente engolia a cabeça do gato, que ficava todo babado... coisa de cachorro e gato, quem vai entender? O gato dormia em cima do cachorro, as vezes dentro da casinha dele. Tenho uma foto disso, pena que o scanner nunca me obedece pra eu postar.

O gato mio certa época ficou doente e passou a nao controlar bem os proprios esfincteres, sujando um tantinho aqui, ora ali... até que um dia fez uma cáca daquelas na cama dos meus pais, e desde lá nunca mais o vi, é uma historia eternamente mal contada. Sumiu ele e a empregada, que pela teoria da epoca, teria arrumado a cama e fingido que nao viu. Dona Odete...cozinhava mal que só ela, ao menos em alguma coisa eu precisava me dar bem nessa historia.

Curiosamente o Lobo passou a matar gatos depois disso, creio que uns 15 no minimo foram vitimas do instinto apurado para caça do animal, incontaveis passarinhos, algumas galinhas e um porquinho da india também tiveram suas vidas abreviadas. Ele passeava solto, e portanto nós fomos cúmplices de seus crimes. Alias, nos verões em Atlantida Sul ele passava o tempo todo solto, era um rei...bons tempos aqueles, desses que nao voltam mais.

Nem o cachorro lobo volta mais, numa fatidica noite ele saiu para sua banda noturna e nunca mais foi visto. Como ele era um Tom Cruise entre os cachorros, deve ter sido roubado e posto em algum canil. Foi dolorido, até hoje sinto falta dele. Aquele bicho faltava apenas falar. Alias ele até tentava, juro.

Hoje em dia moro em um apartamento e não tenho mais bichos. Mal e mal temos algumas plantas por aqui. Pra ser sincero nem as moscas aparecem aqui no decimo andar. Acho estranho, as vezes bate saudade dos tatu-bolas e das formigas. Essas historias moram no passado, de outra vida que vivi nessa mesma. Eu que esses dias quase morri incendiado e que a partir de fevereiro quero iniciar um novo quarto de século em Sydney, criando novas historias pra contar. Novos passados que ainda moram no futuro.
Não que eu seja muito saudosista, na verdade não costumo ficar pensando no passado. Meu mau habito mental é ficar conversando com as pessoas em pensamento ao invés de dizer as coisas diretamente como qualquer ser humano mais normal. Acho que é por que algumas pessoas não gostam muito de ouvir...

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Comecei a escrever sobre meus gatos querendo chegar numa conclusão que não tem nada a ver com eles, mas com relacionamentos, com pessoas, ou com a minha pessoa e esse gosto por seres ariscos, belos, e quicá inalcançaveis... que eu não consigo evitar.
Conheço muita gente que não gosta de gatos, muito mais do que gente que não gosta de cachorros, geralmente esses ultimos não gostam nem deles nem de gatos, nem de ninguem eu acho.

Acho que as pessoas que nao gostam de gatos assim o são por que querem criar relacionamentos com os gatos como se eles fossem cachorros, ou pessoas. Os gatos não são assim. Não são fiéis, previsiveis, não tão sempre lá, à disposição... e também não enchem muito o saco. A meu ver tudo o que eles fazem é bonito, tirando cocô no tapete (mas tendo um pátio com grama eles automaticamente sabem onde devem fazer e ainda enterram!). São bichos perfeitos no seu jeito e temperamento, as pessoas é que se comportam de forma errada diante deles. Os cachorros mansos costumam dar bola, aceitar cafuné e ficar enchendo o saco, alem de sempre serem meio fedorentos. São ótimos tambem... mas é outra pilha.

A moral é a seguinte. Não corra muito atrás dos felinos! Se você depender do amor e atenção deles, você sempre vai se sentir abandonado e entristecido. Admire-os, goste deles e faça bom proveito quando eles tiverem mais entregues, dados, de resto mire de longe, como uma obra de arte. Chame-os com um psss psss, e se eles vierem, curta o momento e deixe-os irem embora depois. Há seres que não querem ser agarrados por você, paciência.

E foi assim que eu desmanchei um grande nó no meu peito, e obviamente agora não falo de animais de estimação, embora ainda seja sobre uma bonita duma gata. Ela é assim do jeito dela, nunca vai mudar... não foi feita pra me fazer feliz. Então, quando eu vê-la, vou fazer um pssst psst, se ela quiser vir me dar um oi, um carinho e ir embora, eu vou gostar... se quiser um cafuné e um colo eu não vou negar, se ela ficar na dela, fingir que não ouviu ou que não viu... eu não vou dar muita bola e vou seguir o meu rumo.
Afinal de contas eu sou meio felino também :]

Mas pra encerrar, eu vinha caminhando hoje no fim da tarde me veio uma frase:

"Os felinos são ariscos e se protegem por que sabem o quanto são frageis"

Talvez seja isso!