Vida e morte vitorina
Ascendo agora para uma superficiosa sobrevoada pelos cinzentos campos da vida comum. Cega, em meio a esse mundo decadente, que oscilando, vai procurando sutilmente a crise que levará todo o sistema a falência.
Quando desço demais, peno, sofro, tenho medo. Ver com os olhos da vacuidade, ver com os não-olhos, não-mente, ou apenas ver com a consciência da impermanência, já é uma oscilação que leva o meu próprio ser a buscar a crise que levará meu conjunto de movivações e crenças a falência.
Sinto agora o peso do cadaver... dela, tijolo pesado que nunca engulo, virgula que não pontuo, asco que não vomito, sonho que não luto, lagrima que não choro, nuvem que não chove. E o oraculo sempre me responde com a carta da morte.
Sinto a brisa boa e quente, dela, ELA, outra, amor incandescente, sorriso bobo agarrada em mim corpo a corpo. Saudades boas do amor bem vivido, bem vivo, livre e solto. Rios de carinho, amor que cuido, que me cuida também, tão bem.
Sinto no corpo desejo da lavagem, do mergulho do chá. Saudade do tambor dos irmãos. Tanto, tanto, tanto sofrimento nesse mundo, e mesmo assim a alma renasce e torna-se leve.
O discurso vem confuso, doido, embreagado, consternido, encafifado, palavras...palavras, larvas. Vida e morte vitorina.