Ah! Heya Heya, Ah! Heya Heya!
Ontem a noite tivemos o prazer de mais uma vez reunir os irmãos musicais da Mandala. Nos reunimos na minha casa antiga, no Cristal (antigo território indigena), pelas 20h, e paramos de tocar após a meia noite. Pela primeira vez restaram registros gravados (no mp3 player né, não é uma brastemp, mas dá pra sentir o clima).
A espiritualidade que brota da musica ritualistica é extremamente direta e pura...não há como fugir da essência do espirito no momento que você entra na mandala musical. Em alguns momentos pode ser assustador, perturbador, por que, de forma imediata, ao se liberar a energia correta através do som, você entra em uma nova atmosfera de percepção, outra realidade em meio a essa que geralmente nos vemos.
Os ensinamentos budistas sobre a criação da identidade na existência cíclica afirmam que, por apego e agitação interna, condensamos a natureza ultima da mente, motivados pelo desespero por estabilidade adentramos os mundos, através do ciclo de nascimento, esforços pela vida, decrepitude e morte. Um processo continuo de sofrimento. Ao entrar na mandala da musica, momentaneamente essa identidade que criamos para nós mesmos se dissolve...e adentramos, em flashes na vasta área do nosso inconsciente pessoal, clarificando nossa vida, e gerando varias inspirações, insights...
A maioria das pessoas que não tiveram aulas de musica, ou contato direto com ela, costumam ter um preconceito interno enraizado dizendo "eu não sei tocar, não vou nem tentar...não dou pra musica, não tem jeito."
Por outro lado, muita gente que tem amplo dominio da inteligência musical (conhecimento de escalas, harmonia, tempo, e boa cordenação motora), não consegue abstrair esse conceito de musica que estou apresentando aqui (e que é uma das essências mais ancestrais da humanidade). São ótimos interpretes, outros ótimos compositores...mas criam sua musica a partir do Eu, o que além de demandar muito esforço, não tem conexões mais profundas.
São dois extremos de dificuldade, mas sinceramente, acho mais facil uma pessoa que nega a sua capacidade de deixar a musica natural fluir pelo seu ser, e assim deixar que a inteligência musical se desenvolva a partir da origem (que não está no eu, está no todo...no inconsciente coletivo), do que aquela pessoa que alimentou um orgulho muito grande no eu por suas capacidades musicais produzidas através de esforço e treinamento. Esse orgulho visa apenas a admiração dos outros, a sensação de ser amado por seu esforço e capacidades, e não pelas suas virtudes de coração. Situacão grave... como diz o Lama Samten.
Nos nossos encontros sempre vem uma ou mais pessoas novas, muitas sem nunca ter pego um instrumento...e em um certo momento a musica os chama para dentro dela, e eles entram na frequencia da mandala musical. Geralmente nas primeiras vezes a conexão é curta, pequenos flashes...por que o eu se defende como pode da experiência nova. Mas com o tempo, se permanece mais tempo conectado na mandala musical, obtendo mais beneficios e gerando beneficios na troca de energia com os outros.
Aos poucos queremos expandir né...mas somos jovens cheios de compromissos e problemas, sem dinheiro e sem organização...então vamos devagar né? Mas aos que se sentem chamados, ponham o dedo aqui o/, e a gente chama pra conhecer.
Gentileza gera gentileza
abraços